E se disséssemos que o ciclista que carrega o título de campeão nacional e leva consigo nove vitórias no ciclismo, é um dos nossos e carrega o sangue brasileiro nas veias? Esse mês, a MRS entrevistou Ricardo Dalamaria, ciclista profissional que, aos poucos, vem conquistando cada vez mais o cenário do pedal e que já conquistou o coração da Seleção Brasileira.
Conversando com a gente sobre o mundo do ciclismo profissional (como seus desafios e os preconceitos enfrentados), Ricardo conta sua experiência e dá dicas aos iniciantes no esporte.
Brasileiro, 23 anos, curitibano e tricampeão de pista na prova de Madison. Esse é o perfil de Ricardo Pereira Dalamaria, o jovem ciclista que vem balançando o mundo do pedal profissional e tensionando os concorrentes dos países vizinhos.
Integrante da Seleção Brasileira desde 2017, Ricardo foi sinônimo de evolução a cada pedal e relembra sobre o sonho que hoje é uma realidade: “Era um sonho sendo realizado. Eu comecei ali [no pedal] em 2008 e, em 2017, quase 10 anos depois, eu estava no caminho que eu sonhei. É muito incrível largar uma prova sabendo que você está representando uma nação. É muito gratificante”, define o ciclista.
Marcando presença com sua bike desde cedo, por volta de seus 10 anos, Ricardo sempre teve o pedal como sonho. Inspirado ainda novo por seu pai e seu irmão, o que antes era um hobbie, hoje é sua profissão, que realiza com paixão e orgulho na voz.
Ricardo teve também inspirações ainda maiores dentro do ciclismo, como Gideoni, atleta olímpico que correu no Rio em 2016, e Mauro Ribeiro, primeiro brasileiro a conquistar uma etapa no Tour de France (14 de julho de 1991). Para Ricardo, a grandeza dos dois nomes o impulsionou a sonhar alto, “é surreal, isso é muito inspirador.”
Com sorriso no rosto e orgulho na voz, a felicidade do atleta é clara ao falar sobre sua paixão, o ciclismo profissional.
Ao questionarmos uma das experiências mais inesquecíveis de Dalamaria, ele nos conta: “Lá em 2017, meu primeiro Pan-Americano, eu via aqueles atletas competindo e falava ‘meu Deus, os caras estão em outro mundo’ e pouco tempo depois eu estava ali, competindo. […] Os melhores da América do Sul estavam ali, entendeu? Foi muita emoção”.
Infelizmente, aqueles que buscam o pedal como profissão não estão isentos da intolerância.
Ricardo conta de um de seus dias de treino na estrada: “estávamos subindo a serra e o caminhoneiro tentou literalmente atropelar a gente, porque estávamos na estrada. Deu o maior rolo, chegou a envolver a polícia porque o cara simplesmente acha que não podemos estar na estrada, que ali é lugar para caminhão” e completa: “rola muito preconceito e isso é muito triste. A gente não está ali passeando, é o nosso trabalho também, é a nossa profissão e muita gente não entende isso, não entende que o esporte é uma profissão.”
Além dos preconceitos, o atleta comenta sobre a desvalorização no esporte: “a falta de apoio é muito difícil, porque você vai dedicar a vida ao esporte e você tem um futuro incerto. Eu vou chegar nas Olimpíadas e, depois, o que vou fazer da minha vida? Então, um dos desafios é o futuro incerto.”
Ainda sobre essas pressões da profissão, o ciclista afirma que “ter um preparo psicológico é fundamental. Eu estou conhecendo gente nova e sempre em contato e focado com o trabalho. Então, eu estou em um caminho, mas com a cabeça erguida e olhando em volta.”
Se você acompanha a MRS, sabe que existem roupas adequadas para cada tipo de pedal. Desta mesma forma, Ricardo reitera: “a peça adequada é muito importante. Desde o atleta profissional até o atleta iniciante, saber o que ele está usando é essencial, inclusive quando se trata de roupa. Por exemplo, uma coisa que o próprio Mauro fala, é que não existe frio, existe roupa inadequada. Então, é bom sempre ficar de olho na previsão do tempo, ver se vai chover e estar atento ao clima”. Além disso, destaca a importância do capacete, seja na cidade ou nos pedais de estrada, a segurança do ciclista deve estar sempre em primeiro lugar.
Os frutos de uma vida inteira dedicada ao ciclismo profissional são claros e marcantes. Atualmente, o jovem atleta carrega títulos de impressionar:
Com a agenda cheia e projetos engatilhados, o foco agora está nas Olimpíadas de 2024. O ciclista é um grande exemplo das pessoas que encontramos com frequência sobre os pedais: grandes sonhos, cabeça erguida e os olhos voltados para a evolução.
Hoje, ciclista profissional, Ricardo deixa seu recado para os iniciantes no pedal: “Tome sua decisão. Toda escolha tem uma consequência, sejam elas boas ou ruins, mas garanto que o esporte vai te levar a lugares que outros empregos não te levarão.”
E você, já focou nos seus objetivos hoje? Juntos, vamos mais longe!